Coluna da segunda-feira

O baque do Governo Bolsonaro na avaliação do Datafolha tem uma leitura que parece óbvia, mas não vi ninguém abordar: os que se mostram insatisfeitos são em sua grande maioria eleitores que votaram não por convicção, apenas com a intenção de derrotar o PT. Estes, também frustrados com a roubalheira que reinou na era Lula-Dilma, sabiam certamente das fragilidades do presidente eleito do ponto de vista de embasamento cultural e da falta de um projeto para o País
Como Bolsonaro não sonhava em se transformar no azarão que colocou a pedra no caminho do PT não teve tempo – ou faltou fé – de preparar um programa de governo consistente. Quer um exemplo disso? O único propósito de Governo é aprovar a reforma da Previdência. Os bolsonaristas dizem que se a reforma da Previdência passar já será um grande feito. O problema é que o texto original será tão mutilado que no final o Congresso aprovará um arremedo de reforma.
Mas, voltando à pesquisa de avaliação dos 100 dias de Bolsonaro, o Governo tem que receber como um alerta. Cem dias são muito pouco para a população fazer um julgamento do Governo. Serve, entretanto, para o Governo corrigir rumos. Bolsonaro tem se comunicado pelas redes sociais e ignorado a grande mídia, leia-se especialmente os três grandes jornais e a Rede Globo.
Quanto a esta, diz que tem má vontade com o seu Governo e ameaça cortar verba de publicidade. Não conheço um só político que tenha se dado bem brigando com a Imprensa. A vítima histórica da Globo foi Leonel Brizola, ex-governador do Rio. Na briga, como contraponto, Brizola comprou espaço nos jornais do Rio e uma vez por semana assinava um tijolaço de prestação de contas do seu Governo. Deu certo? Evidentemente que não.
Bolsonaro, por fim, tem que delimitar o espaço dos seus filhos no Governo. Na viagem aos Estados Unidos, Carlos Bolsonaro tomou o lugar do chanceler no encontro reservado com Donald Trump deixando o ministro Ernesto em maus lençóis. Parece que o presidente governa mais com os filhos do que seu principal ministro, Paulo Guedes da Economia, que pagou o mico nos Estados Unidos de não ter sido consultado sobre a intervenção de Bolsonaro na Petrobras, freando o aumento do diesel.
De pires nas mãos – Os prefeitos que participaram de mais uma marcha à Brasília voltaram de bolsos vazios. Peregrinaram nos Ministérios de pires nas mãos e saíram desiludidos com o liseu. “Vai ser difícil arrancar dinheiro neste governo”, constata José Patriota, prefeito de Afogados da Ingazeira e presidente da Amupe – a Associação Municipalista de Pernambuco. Os prefeitos só se convencem da mudança deste cenário quando o Congresso tirar do papel o Pacto Federativo.
Pedra no caminho – Túlio Gadelha tem se aproximado da executiva nacional do PDT para arrebatar de Wolney Queiroz o controle do partido no Estado. Wolney conduz o partido para apoiar um candidato a prefeito do Recife alinhado ao PSB, que já tem um nome se movimentando bastante, o deputado federal João Campos. Gadelha já sinalizou que se não tiver o apoio do PDT pode mudar de legenda. Mas vai insistir até o último minuto da prorrogação para assumira presidência do partido no Estado.
O que é a política – Quem assistiu a briga travada entre Jarbas Vasconcelos e Fernando Bezerra Coelho pelo controle do PMDB no Estado fica de queixo caído quando ver o senador FBC e o presidente estadual, Raul Henry, de braços dados em público. Assim foi no jantar que o presidente da Amupe, José Patriota, promoveu em Brasília durante a Marcha dos Prefeitos. Resta saber se Bezerra apoia Henry na corrida pela Prefeitura do Recife.

Minha ausência – Por motivo de saúde, fiquei por mais de um ano sem atualizar este blog e a coluna, além do programa Frente a Frente. Na minha ausência, minha equipe não deixou a peteca cair. Por isso, quero agradecer a Ítala Alves, editora do blog, Geiza Souza, minha secretária, incansáveis colaboradoras no blog. Estendo meus agradecimentos ao jornalista Arthur Cunha, que assinou a coluna, e ao velho guardião Nivaldo Araújo. No Frente a Frente, sou grato a Mônica Moraes, Fernando Dourado e Aldir Júnior. Sem eles, tudo teria ido água abaixo.
CURTAS
PROXIMIDADE – O presidente do Solidariedade, deputado federal Augusto Coutinho, e o filho Rodrigo, vereador no Recife, estão cada vez mais próximos do pré-candidato do PSB a prefeito do Recife, João Campos. Em Brasília, eles têm conversado bastante sobre a sucessão na capital pernambucana. Há quem aposta que tudo isso possa dar numa aliança.
PETROLINA – Influente líder do Governo no Senado, o senador Fernando Bezerra Coelho está fazendo a cabeça do presidente para lançar oficialmente o projeto do pagamento do 13º salário do Bolsa Família em Petrolina e não em Campina Grande, como já está encaminhado. Bezerra quer que o presidente visite a área irrigada da região do São Francisco que produz frutas tipo exportação, como manga e uva.
LADRÃO – Num artigo na revista Veja, onde tem seu espaço cativo de página inteira, o jornalista J.R. Guzzo analisou o primeiro aniversário do ex-presidente Lula e fez a seguinte observação: “Lula não está preso por ser uma figura histórica. Está preso porque é ladrão”.
Perguntar não ofende: Bolsonaro, como ele próprio confessou, não nasceu para ser presidente?
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