O pior trânsito do Brasil

03:21 Blog do Adeildo Alves 0 Comentários



Na contramão de cidades que investem em mobilidade urbana, como Salvador e Fortaleza, Recife continua colecionando troféus da ineficiência. Não bastasse ser uma das líderes em violência, ganhou projeção nacional por ter um dos piores trânsitos do mundo. Na verdade, foi eleita, mais uma vez, a que tem o pior trânsito do Brasil e um dos 15 piores do mundo, de acordo com o ranking anual Traffic Index, elaborado pela empresa de mobilidade Tomtom. O relatório avaliou 416 cidades em 57 países, com classificação tomando como base o congestionamento urbano em todo o mundo.
Incontestável e referência mundial, o estudo analisa o trânsito das cidades de acordo com o tempo médio adicionado a uma viagem e também inclui informações sobre quanto tempo os motoristas desperdiçam nos engarrafamentos. Os dados são extraídos de mais de 600 milhões de informações de motoristas que utilizam o sistema de navegação da empresa holandesa. A cidade de Bangalore, na Índia, ocupa a posição de “pior trânsito” do mundo, seguida por Manila (Filipinas), Bogotá (Colômbia), Mumbai (Índia), Pune (Índia), Moscou (Rússia) e Lima (Peru).
Recife é a primeira cidade brasileira a aparecer na lista, na 15ª colocação. Outras oitos cidades brasileiras também estão no ranking. Depois da capital pernambucana aparecem o Rio de Janeiro, na 20ª posição, São Paulo, na 24ª, Salvador, na 28ª, Fortaleza, na 50ª, Belo Horizonte, na 60ª, Porto Alegre, na 62ª e, por fim, Curitiba, na149ª. A última citada é Brasília, na 270ª posição. Recife, pasmem, está mais travada do que São Paulo, o perímetro urbano brasileiro que parecia imbatível em não se chegar a lugar algum.
Nada acontece por acaso. Recife está nessa posição desconfortável graças à falta de uma política arrojada de governo. O que fez sua excelência Geraldo Júlio em oito anos, além da Via Mangue, que, aliás, já encontrou bem avançada? Desconheço qualquer intervenção. Enquanto isso, Salvador abre dois corredores de trânsito, cada um de 13 km com quatro faixas, incluindo acostamentos e ciclovias. E olha que a capital baiana é como o Rio, cheia de morros, o que não impediu que fossem abertas as saídas com túneis.
Fortaleza, por sua vez, mais plana, abriu 400 km de ciclovias e faixas exclusivas para ônibus, reduzindo, drasticamente, o tempo do usuário de transporte público até ao local de trabalho. Quando se quer, se faz. Quando não se faz, quem paga o pato é a população, que fica com os nervos à flor da pele, perdendo tempo precioso no trânsito numa das piores cidades do mundo em mobilidade urbana.

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