O Diário de Pernambuco ultraja a liberdade

11:16 Blog do Adeildo Alves 0 Comentários


 09/03


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Por Paulo André Leitão

A jornalista Marcela Nunes publicou vídeo no Instagram em que atribui sua demissão do Diário de Pernambuco "ao fato de eu seguir uma página que satiriza conteúdos, denunciando o atraso salarial da empresa onde trabalho". Marcela era responsável pelo Blog de João Alberto e editora assistente de sua coluna no antigo jornal.  "Meu chefe direto foi pego de surpresa", disse Marcela, sem declinar o nome de João. E precisava?

A fala da jovem Marcela no vídeo do Instagram é madura. São 5 minutos e 15 segundos serenos e fiéis aos fatos. Confesso que não me surpreendi com seu equilíbrio, apesar de conhecê-la há pouco tempo, mas o suficiente para registrar a correção com que sempre me tratou ao longo de inúmeras interações profissionais. Marcela se mostrou competente e trabalhadora, ética e discreta. E doce. Precisava ser doce? Não, mas ela é assim. 

Quem conhece minimamente o funcionamento das redes sociais sabe que não é preciso gostar de um perfil para se tornar seu seguidor. Para profissionais da comunicação, é regra tão básica quanto deveria ser para o Diário pagar em dia o salário dos trabalhadores, há 9 meses atrasado, conforme denuncia o Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco. Marcela seguia a página @diariosemsalario e, como afirma no vídeo, "não compartilhei nenhum conteúdo, não fiz nenhum comentário". Precisava se defender assim? Não, mas ela fez isso para se fortalecer ainda mais.

Execrar a decisão do antigo jornal – e, consequentemente, subscrever a defesa de Marcela – é, a meu ver, atitude que se impõe a todos nós, seus colegas. O Diário desrespeitou direitos individuais e ultrajou a liberdade de imprensa e de expressão, causa que levou jornalistas brasileiros à demissão, tortura e morte - e continua a levar em diversos países. Ao Diário, basta respeitar seus colaboradores e cumprir obrigações patronais. Precisa ser arbitrário?


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